"Somos uma maneira do Cosmos conhecer a si mesmo" (Carl Sagan)

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domingo, 15 de julho de 2018

Entendendo as Gerações - Parte 2

Dando continuidade ao assunto, hoje vamos às 3 gerações que convivem atualmente em maior quantidade, as polêmicas gerações X, Y e Z. Quem são, como agem e o que pensam?

5) Geração X

Esse termo é utilizado para designar os nascidos nas décadas de 70 ao início da década de 80, geração da qual faço parte. Somos filhos dos Baby Boomers. Nascemos como resultado daquela geração conflituosa anterior. Experimentamos as mudanças nos valores sociais iniciadas na geração anterior e, como resultado da entrada das mulheres no mercado de trabalho, e um crescimento alto nas taxas de divórcio, crescemos com uma supervisão parental MUITO menor do que nas gerações anteriores. Crescemos ligados na TV, na chamada "Geração MTV" (a antiga Music Television). Presenciamos o surgimento da cultura Grunge, do Hip-Hop, do Rock Alternativo e da explosão do cinema americano. Pegamos uma geração mais focada nos adultos e menos nas crianças, onde os valores sociais antigos (o da família onde o casal fica junto, não importando os problemas) deram lugar ao valor da autorrealização individual e parental. Pegamos também o início da "revolução sexual", onde casais mudavam com frequência. Tudo isso culminou em adultos, na década de 90 aos anos 2000, conhecidos como a "Geração Friends" (por conta do seriado de TV de mesmo nome). No mercado de trabalho, fomos considerados mais apáticos e relaxados que os anteriores. Socialmente fomos considerados cínicos, vazios, sem afeições. Mas conforme essa geração avançou, entretanto, passamos a ser vistos como uma geração autônoma e empreendedora.  Acabamos ganhando uma autoconfiança e otimismo inexistente nas gerações anteriores. Tudo isso levou ao crescimento exponencial da indústria tecnológica e do entretenimento que vivemos ainda hoje. Somos vistos no meio empresarial como independentes, cheios de recursos, adaptáveis, pragmáticos, bem-resolvidos, céticos quanto às autoridades e buscando uma vida mais balanceada, entre trabalho e lazer. Crescemos na era da Globalização. O Google, a Wikipédia, o YouTube, a Amazon, são adventos resultantes dessa geração. Quanto medidos os graus de felicidade e satisfação, atingimos os mais altos patamares nos estudos. Em termos de educação dos filhos, não somos pais tão controladores quanto os Baby Boomers. Em vez disso, damos oportunidade aos nossos filhos aprenderem por conta própria através de pequenos erros, intervindo apenas em problemas maiores. Somos a geração com a maior porcentagem de pessoas engajadas em serviços voluntários e assistência social. Somos considerados também os maiores resolvedores de problemas e com a maior ética profissional. Estamos no intermediário entre os baby boomers e os millennials em vários aspectos no âmbito político, social, educacional e uso de mídias sociais.  

Nota Pessoal: Essa geração não começou bem. As conquistas sociais da geração anterior foram importantes, mas a sociedade parecia ainda não estar preparada (o que não quer dizer que tais conquistas não deveriam ter sido almejadas). Entretanto, o que pareceu um erro, acabou resultando em um acerto também. A independência e autonomia dessa geração se deveu ao fato de terem sido negligenciados pelos pais (o que não significa que essa seja uma atitude correta). Percebam que, provavelmente, o mais adequado se encontra no intermediário entre os dois: os pais devem dar autonomia aos seus filhos, mas sem negligenciar a educação em problemas maiores, evitando o grande número de delinquentes juvenis que surgiram também nesse período. Talvez o índice de criminalidade crescente nos grandes centros urbanos mundiais também se deva a esse fato. Outro problema é que a Geração X começou a pensar como os Baby Boomers, acreditando serem melhores que as demais gerações, tanto anteriores, quanto posteriores.

Geração Friends - Um Trecho de um Episódio da Série

Michael Jackson - Um dos Maiores Ícones da Cultura Pop dessa Geração

6) Geração Y

Nessa geração encontramos os nascidos do final da década de 80 até a década de 90. É a geração logo após a minha. São chamados de Millenials por terem nascido no final do milênio. É a geração que  cresceu junto à internet! Cresceu em meio à prosperidade econômica, ao fácil acesso aos bens materiais e acompanhou o grande avanço tecnológico. Devido aos grandes estímulos na infância, é uma geração multitarefa, capaz de realizar várias atividades ao mesmo tempo. Curiosamente, essa geração é exclusivamente urbana, visto que as mesmas mudanças não ocorreram no campo. Se na geração anterior, crescemos com a durabilidade dos produtos, a geração Y cresceu numa era de descartabilidade e das atualizações tecnológicas constantes, ou seja, em meio a uma efemeridade dos produtos. Houve com isso uma mudança no mercado de trabalho, levando o profissional a ter de se atualizar com maior frequência. Além disso, trabalhos mecânicos e braçais começaram a dar lugar a trabalhos mais ligados à criatividade e inovação. É uma geração que, com isso, nunca foi muito acostumada a grandes esforços. Além das facilidades mencionadas, muitas vezes tiveram pais (da Geração X) que tentaram compensar materialmente seus filhos pelas suas faltas afetivas. No mercado de trabalho, acabam não querendo se sujeitar a tarefas "menores" e almejam sucesso rápido e sem esforço. São imediatistas. Além da grande facilidade no uso de novas tecnologias e capacidade de adaptação às mudanças constantes, é uma geração que já nasceu num mundo globalizado. Com isso, suas formas de comunicação são bem diferentes da geração anterior. São capazes de estabelecer vínculos fortes com pessoas que estão à distância, através dos celulares e redes sociais. A troca de informação entre as pessoas e, com isso, o enriquecimento cultural das populações aumentou bastante nessa geração. A produção de conteúdo se tornou frenética e informações podem ser acessadas a qualquer hora, em qualquer lugar. O mercado se adaptou para atender essas pessoas que são ávidas por novidades, daí os conteúdos produzidos também serem bastante descartáveis. O problema disso é que, apesar de terem mais acesso à informação, só atingem a sua superficialidade (o chamado conhecimento "fast food"). Com isso, os posicionamentos políticos e ideológicos se tornaram menos embasados que os da geração anterior. O consumismo acabou tomando conta dessa geração e, aliado à descartabilidade dos produtos, gerou uma degradação ambiental sem precedentes. Também pode ser chamada de "Geração Peter Pan", pela demora que alguns tem em amadurecer, vivendo muito mais tempo com os pais do que nas gerações anteriores. Em compensação, por passarem mais tempo aprendendo, evitam bem mais os erros profissionais e de relacionamento que as gerações anteriores cometeram. Com o avanço da justiça social, os Millennials trouxeram de volta o "politicamente correto" e saíram em defesa das minorias, fato não tão bem aceito pelas gerações anteriores, chamando-os pejorativamente de "geração floco de neve" (snowflake), por "derreterem facilmente", não serem duros, resilientes, e reclamarem demais.

Nota Pessoal: As habilidades desenvolvidas pelos indivíduos dessa geração são imprescindíveis para o mundo atual. Tanto que pessoas da Geração X que não acompanharam essas mudanças têm cada vez mais dificuldades e estão ficando para trás. A produção frenética de novos conhecimentos e conteúdos é uma espécie de "rolo compressor" que esmaga essas pessoas. Entretanto, membros dessa geração precisam trabalhar melhor a paciência, combatendo a visão imediatista. Devem também combater a descartabilidade gerada, pois o meio ambiente não está aguentando mais essa pressão. Vale ressaltar que essa é uma geração considerada por muitos como uma geração frustrada. Isso porque é uma geração extremamente qualificada e que não encontrou oportunidades num mercado já saturado, que busca na realidade empregados mais baratos. É uma geração que ainda valoriza a formação acadêmica, quando profissionais de nível técnico ganham muitas vezes mais do que eles. São pessoas que precisam investir numa visão empreendedora (tanto que 44% dessa geração tem como preferência o empreeendedorismo)

7) Geração Z

São aqueles nascidos nos inícios dos anos 2000 até mais ou menos 2015. São chamados também de iGeneration, Plurais ou Centennials. Essa geração já nasceu num mundo onde sempre existiu internet, redes sociais e smartphones. São, por isso, muitas vezes chamados de "nativos digitais". Essa geração apresenta uma curiosa mistura: alguns são filhos de millenials, mas muitos ainda são filhos da Geração X (levando-se em conta que a Geração X passou a ter filhos mais tarde. Eu, por exemplo, tive um filho em 2015 e terei outro este ano, mesmo sendo da Geração X). É uma geração que pegou a grande recessão provocada pela crise de 2008 e, por esse motivo, tendem a ser mais independentes e com desejos empresariais, pois viram seus pais sofrendo como força de trabalho. Presenciaram o encolhimento da classe média e o aumento do nível de estresse nas famílias. Os alunos dessa geração se auto-identificam como leais, compassivos, pensativos, mentes abertas, responsáveis e determinados. Entretanto, enxergam outros da mesma geração como competitivos, espontâneos, aventureiros e curiosos, características que não identificam em si próprios. Alguns autores dizem que sua competência leitora vem sendo modificada devido à familiaridade digital. Sua frequência a igrejas, curiosamente, chega a 41%, comparado com 18% dos Millenials, 21% da Geração X e 26% dos Baby Boomers. É uma geração avessa a riscos. O número de jovens que experimenta álcool caiu e os que usam cinto de segurança aumentou. As taxas de gravidez na adolescência reduziram, assim como o abuso de drogas e abandono dos estudos, comparado com os Millenials. Passam muito mais tempo na internet que as gerações anteriores e, alguns acreditam que usam o meio digital como fuga dos problemas que encontram no mundo offline. Pesquisadores em educação dizem que o uso de smartphones oferece o potencial de uma experiência de aprendizagem mais profunda e de instrução individualizada,  levando a uma geração bem mais educada. Em contrapartida, estão preocupados com a dependência tecnológica e a falta de regulação desse uso. Essa geração, mesmo se irritando com alguns aspectos das redes sociais mais famosas, ainda assim participa delas como meio de socialização. Dão preferência a aplicativos e comunicadores mais rápidos e usam bastantes emojis. usam a internet como meio de desenvolver habilidades sociais aplicadas em situações da vida real, além de aprender coisas de seu próprio interesse. Adolescentes passam a maior parte do tempo online, comunicando-se com pessoas com quem interagem no dia-a-dia, enquanto as redes sociais são usadas para obter notícias globais e manter contatos. Os pais se preocupam com o uso exagerado das redes sociais e os filhos se sentem irritados com essa preocupação excessiva e controle. Um aspecto negativo é que eles são menos hábeis no contato cara-a-cara e tendem a se sentir mais solitários, ansiosos e frágeis. Eles exibem uma enorme preocupação com aquilo que os outros pensarão de suas postagens. Meninas são mais afetadas por esse fenômeno que meninos. Elas experimentam baixa autoestima e fragilidade emocional mais elevada, em boa parte devido a cyberbullying (que é mais comum agora do que foi para os Millennials). A Geração Z desenvolveu a economia sob demanda (produtos e serviços oferecidos imediatamente sob demanda). Na educação valorizam a obtenção de uma graduação na obtenção de empregos. O empreendedorismo tem se tornado comum no currículo das escolas. As novas tecnologias favorecem oportunidades de abrirem negócios mais cedo. Suas ideias podem ser "vendidas" mesmo sem sair de casa. No âmbito político, a Geração Z tende a ser mais conservadora que a anterior e mais pessimista quanto à economia. Profissionalmente, estão bem preparados para um ambiente empresarial global e procuram algo além de um emprego: buscam uma atividade profissional que ajude a mudar o mundo. São ávidos por participar ativamente da comunidade. Eles já começam nos empregos de uma maneira melhor do que da Geração Y.
 
Nota Pessoal: A geração Z é de fato a geração "on demand". São autodidatas e gostam de trilhar seu próprio caminho. Não gostam de hierarquias e horários inflexíveis. Não aceitam as normas de trabalho, são questionadores e pró-ativos.  Por todas essas características acabam sendo muito voltados ao empreendedorismo, ao trabalho dentro de casa, à produção de seu próprio conteúdo, etc. Por terem crescido num mundo onde o terrorismo se tornou mais comum, onde a degradação ambiental atingiu patamares inconcebíveis e as crises econômicas geraram recessão e instabilidade global, acabam não sendo só motivados pelo dinheiro, mas também pela vontade de "salvar o mundo". Como a geração anterior se preparava demais e falhava no mercado de trabalho, estes já são mais objetivos, pragmáticos, realistas. São cautelosos e céticos com relação às grandes empresas. É uma geração que veio para mudar o mundo. E tomara que consigam! 





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