"Somos uma maneira do Cosmos conhecer a si mesmo" (Carl Sagan)

"Somos uma maneira do Cosmos conhecer a si mesmo" (Carl Sagan)

domingo, 29 de julho de 2018

Entendendo as Gerações - Parte 3


Finalizando a nossa "Trilogia das Gerações", hoje vamos entender melhor o conceito e detalhar a mais recente: a Geração Alpha!

Em primeiro lugar, temos de entender o conceito de "coorte histórico". Um coorte é um conjunto de indivíduos nascidos em um mesmo período histórico que, por este motivo, desenvolvem comportamentos característicos, impactando de uma maneira peculiar a sociedade em que vivem. Vimos nas postagens anteriores sobre que esse conceito de coorte ou "gerações", passou a ser utilizado no século XX. Em seguida, passou-se a dar letras do alfabeto para designá-las. A Imagem no topo deste artigo mostra que os indivíduos das gerações mais antigas que ainda estão vivos hoje, já têm mais de 70 anos de idade. Os Baby Boomers possuem algo entre 50 e 70 anos de idade. Indivíduos da Geração X (a minha) possuem algo em torno de 36 a 50 anos de idade, enquanto indivíduos da Geração Y estão na casa dos 21 a 35. A maioria das crianças e adolescentes em idade escolar pertencem à Geração Z, e estão na casa dos 6 a 20 anos de idade. E, por fim, aqueles que ainda nem completaram 6 anos já são chamados de Geração Alpha. Observem a composição populacional abaixo e sua respectiva projeção para os próximos anos, segundo institutos de pesquisa:

 
 População por Gerações (em milhões de indivíduos)

 
 Projeção Populacional até 2040 (Percentual)
Muitas áreas do conhecimento não aceitam a existência desse conceito, mas estudos na área de sociologia e demografia, entre outros, têm demonstrado que indivíduos que nascem num mesmo período de tempo tendem a ter comportamentos similares em decorrência de sua exposição à sociedade em que vivem. Em outras palavras, são frutos de seu "Zeitgeist". Se levarmos esse raciocínio para o âmbito das neurociências, perceberemos que a existência de um coorte histórico é totalmente plausível. Falaremos mais sobre neurociências em uma futura postagem, mas por hora basta entender que o arcabouço neuronal de um indivíduo é formado a partir dos estímulos que ele recebe do seu meio. Nesse caso, indivíduos que estão sujeitos a uma exposição a tablets, smartphones e outros tipos de mídia em seus primeiros anos de vida, terão um desenvolvimento cerebral diferente daquele ocorrido em gerações anteriores. Esse exemplo, inclusive, se refere à nossa próxima geração: a Geração Alpha.

8) Geração Alpha

Compreende indivíduos nascidos de 2010 até os dias atuais. São ainda MUITO novos, mas já apresentam características em comum que podem ser enumeradas. São crianças que já nascem expostas a uma tecnologia muito mais avançada que a das gerações anteriores. Nasceram num mundo com problemas ambientais alarmantes e uma produção de informação absurdamente alta, impossível de se acompanhar. Essas crianças são extremamente curiosas e espertas, aprendendo com uma grande facilidade, pois são bombardeada de estímulos. Provavelmente serão aquelas com a melhor educação de todas as gerações até então. Além disso, deterão o maior conhecimento tecnológico da história. Um sistema educacional voltado para essas crianças deve ser um sistema com foco na autonomia, baseado em projetos para aprender por meio de situações cotidianas. Crianças criadas dessa forma, provavelmente serão mais independentes e com maior habilidade em se adaptar a mudanças, competência essencial a um mundo em constante transformação. Seu relacionamento será menos hierárquico e mais horizontal. Serão desde cedo criadoras de conteúdo (já vemos, por exemplo, vários casos de crianças youtubers). Estarão conectadas à "internet das coisas", realidade aumentada, biohackings, impressoras 3D e 4D, terão produtos e serviços personalizados e sob medida. Nesse sentido, a educação para essas crianças deve caminhar mais em direção a um ensino voltado às necessidades e interesses desses alunos, e menos para o padrão sistematizado e hierárquico de tempos atrás. Pais e educadores se tornam cada vez mais orientadores do acesso à informação que se encontra disponível na palma de suas mãos. Se por um lado o conhecimento é de mais fácil acesso, por outro, um grande desafio se apresenta na forma das competências socioemocionais. Programas específicos para esse tema vêm sendo desenvolvidos em escolas na Finlândia, Estados Unidos, Austrália e Canadá, por exemplo. A habilidade em lidar com suas próprias emoções (Inteligência Emocional), para se comunicar, a criatividade, a responsabilidade, determinação, empatia, capacidade de tomar decisões e resolver problemas são exemplos de competências necessárias para lidar com o mundo atual. Essas competências são, inclusive, contempladas na Nova Base Curricular Comum Nacional para Educação Infantil e Ensino Fundamental que entrou em vigor este ano em nosso país.

Nota Pessoal: Como dito acima, crianças que nascem nessa era atual, já estão neurologicamente adaptadas ao mundo atual. É curioso que algumas são capazes de com tablets e smartphones intuitivamente, por assimilação do que os adultos fazem. Meu filho, por exemplo, que tem dois anos e meio, percebeu que um smartphone se usa deslizando os dedos sobre a tela em ziguezague e tentou reproduzir o movimento com cerca de 1 ano e meio de idade. Ele aprendeu a usar o meio digital antes mesmo de aprender a andar! E quando aprendeu a andar, tentou clicar nos ícones do Netflix na SmarTV. Percebem como ele entendeu o que era uma tecnologia "touch" sem ninguém ensiná-lo? (mas a TV não era touch e ele ficou frustrado... rsrs). Essas crianças que crescerão nesse mundo, repleto de informação precisam aprender a triá-la. Num mundo com tanta coisa a se fazer e com tanta coisa atrativa, os ambientes educacionais e profissionais se tornarão cada vez mais lúdicos, interativos, com horários flexíveis e menos hierarquizados. Chega de teoria, é a vez da prática. Chega de padronização, é a era do mundo personalizado. Alguns especialistas, entretanto, alertam para o fato de que um ambiente hiperestimulado deve dar lugar a um ambiente mais calmo e tranquilo de vez em quando. A criança precisa desenvolver outras habilidades longe desse mundo tecnológico. Nós vimos que todas as gerações anteriores tiveram vantagens sobre as predecessoras, mas cometeram alguns erros não previstos. Talvez um dos erros que essa geração possa cometer seja exatamente esse: o de esquecer o mundo real e trocá-lo pelo virtual. Devemos lembrar que crianças precisam ser crianças e brincar como crianças. Deve existir um equilíbrio!

Observação:  Existe um conceito muito utilizado hoje em dia que é o de "crianças índigo". Segundo essa crença, os índigos seriam crianças especiais nascidas no mundo atual com o objetivo de levá-lo a uma "nova era". É muito utilizado por místicos, esotéricos e espíritas. Em termos científicos, esse estudo é meramente uma pseudociência (falaremos sobre pseudociências em outra oportunidade). O objetivo deste blog é tentar explicar o universo e a sociedade dentro de uma perspectiva científica e, portanto, o conceito de crianças índigo não cabe aqui. Entretanto, estou citando-o apenas para compará-lo com a Geração Alpha que acabamos de conhecer. Há uma proximidade conceitual entre elas. E nesse sentido, a explicação para a existência de crianças inteligentes e intuitivas não seria sobrenatural, mas sim neurológica. ;-)

domingo, 15 de julho de 2018

Entendendo as Gerações - Parte 2

Dando continuidade ao assunto, hoje vamos às 3 gerações que convivem atualmente em maior quantidade, as polêmicas gerações X, Y e Z. Quem são, como agem e o que pensam?

5) Geração X

Esse termo é utilizado para designar os nascidos nas décadas de 70 ao início da década de 80, geração da qual faço parte. Somos filhos dos Baby Boomers. Nascemos como resultado daquela geração conflituosa anterior. Experimentamos as mudanças nos valores sociais iniciadas na geração anterior e, como resultado da entrada das mulheres no mercado de trabalho, e um crescimento alto nas taxas de divórcio, crescemos com uma supervisão parental MUITO menor do que nas gerações anteriores. Crescemos ligados na TV, na chamada "Geração MTV" (a antiga Music Television). Presenciamos o surgimento da cultura Grunge, do Hip-Hop, do Rock Alternativo e da explosão do cinema americano. Pegamos uma geração mais focada nos adultos e menos nas crianças, onde os valores sociais antigos (o da família onde o casal fica junto, não importando os problemas) deram lugar ao valor da autorrealização individual e parental. Pegamos também o início da "revolução sexual", onde casais mudavam com frequência. Tudo isso culminou em adultos, na década de 90 aos anos 2000, conhecidos como a "Geração Friends" (por conta do seriado de TV de mesmo nome). No mercado de trabalho, fomos considerados mais apáticos e relaxados que os anteriores. Socialmente fomos considerados cínicos, vazios, sem afeições. Mas conforme essa geração avançou, entretanto, passamos a ser vistos como uma geração autônoma e empreendedora.  Acabamos ganhando uma autoconfiança e otimismo inexistente nas gerações anteriores. Tudo isso levou ao crescimento exponencial da indústria tecnológica e do entretenimento que vivemos ainda hoje. Somos vistos no meio empresarial como independentes, cheios de recursos, adaptáveis, pragmáticos, bem-resolvidos, céticos quanto às autoridades e buscando uma vida mais balanceada, entre trabalho e lazer. Crescemos na era da Globalização. O Google, a Wikipédia, o YouTube, a Amazon, são adventos resultantes dessa geração. Quanto medidos os graus de felicidade e satisfação, atingimos os mais altos patamares nos estudos. Em termos de educação dos filhos, não somos pais tão controladores quanto os Baby Boomers. Em vez disso, damos oportunidade aos nossos filhos aprenderem por conta própria através de pequenos erros, intervindo apenas em problemas maiores. Somos a geração com a maior porcentagem de pessoas engajadas em serviços voluntários e assistência social. Somos considerados também os maiores resolvedores de problemas e com a maior ética profissional. Estamos no intermediário entre os baby boomers e os millennials em vários aspectos no âmbito político, social, educacional e uso de mídias sociais.  

Nota Pessoal: Essa geração não começou bem. As conquistas sociais da geração anterior foram importantes, mas a sociedade parecia ainda não estar preparada (o que não quer dizer que tais conquistas não deveriam ter sido almejadas). Entretanto, o que pareceu um erro, acabou resultando em um acerto também. A independência e autonomia dessa geração se deveu ao fato de terem sido negligenciados pelos pais (o que não significa que essa seja uma atitude correta). Percebam que, provavelmente, o mais adequado se encontra no intermediário entre os dois: os pais devem dar autonomia aos seus filhos, mas sem negligenciar a educação em problemas maiores, evitando o grande número de delinquentes juvenis que surgiram também nesse período. Talvez o índice de criminalidade crescente nos grandes centros urbanos mundiais também se deva a esse fato. Outro problema é que a Geração X começou a pensar como os Baby Boomers, acreditando serem melhores que as demais gerações, tanto anteriores, quanto posteriores.

Geração Friends - Um Trecho de um Episódio da Série

Michael Jackson - Um dos Maiores Ícones da Cultura Pop dessa Geração

6) Geração Y

Nessa geração encontramos os nascidos do final da década de 80 até a década de 90. É a geração logo após a minha. São chamados de Millenials por terem nascido no final do milênio. É a geração que  cresceu junto à internet! Cresceu em meio à prosperidade econômica, ao fácil acesso aos bens materiais e acompanhou o grande avanço tecnológico. Devido aos grandes estímulos na infância, é uma geração multitarefa, capaz de realizar várias atividades ao mesmo tempo. Curiosamente, essa geração é exclusivamente urbana, visto que as mesmas mudanças não ocorreram no campo. Se na geração anterior, crescemos com a durabilidade dos produtos, a geração Y cresceu numa era de descartabilidade e das atualizações tecnológicas constantes, ou seja, em meio a uma efemeridade dos produtos. Houve com isso uma mudança no mercado de trabalho, levando o profissional a ter de se atualizar com maior frequência. Além disso, trabalhos mecânicos e braçais começaram a dar lugar a trabalhos mais ligados à criatividade e inovação. É uma geração que, com isso, nunca foi muito acostumada a grandes esforços. Além das facilidades mencionadas, muitas vezes tiveram pais (da Geração X) que tentaram compensar materialmente seus filhos pelas suas faltas afetivas. No mercado de trabalho, acabam não querendo se sujeitar a tarefas "menores" e almejam sucesso rápido e sem esforço. São imediatistas. Além da grande facilidade no uso de novas tecnologias e capacidade de adaptação às mudanças constantes, é uma geração que já nasceu num mundo globalizado. Com isso, suas formas de comunicação são bem diferentes da geração anterior. São capazes de estabelecer vínculos fortes com pessoas que estão à distância, através dos celulares e redes sociais. A troca de informação entre as pessoas e, com isso, o enriquecimento cultural das populações aumentou bastante nessa geração. A produção de conteúdo se tornou frenética e informações podem ser acessadas a qualquer hora, em qualquer lugar. O mercado se adaptou para atender essas pessoas que são ávidas por novidades, daí os conteúdos produzidos também serem bastante descartáveis. O problema disso é que, apesar de terem mais acesso à informação, só atingem a sua superficialidade (o chamado conhecimento "fast food"). Com isso, os posicionamentos políticos e ideológicos se tornaram menos embasados que os da geração anterior. O consumismo acabou tomando conta dessa geração e, aliado à descartabilidade dos produtos, gerou uma degradação ambiental sem precedentes. Também pode ser chamada de "Geração Peter Pan", pela demora que alguns tem em amadurecer, vivendo muito mais tempo com os pais do que nas gerações anteriores. Em compensação, por passarem mais tempo aprendendo, evitam bem mais os erros profissionais e de relacionamento que as gerações anteriores cometeram. Com o avanço da justiça social, os Millennials trouxeram de volta o "politicamente correto" e saíram em defesa das minorias, fato não tão bem aceito pelas gerações anteriores, chamando-os pejorativamente de "geração floco de neve" (snowflake), por "derreterem facilmente", não serem duros, resilientes, e reclamarem demais.

Nota Pessoal: As habilidades desenvolvidas pelos indivíduos dessa geração são imprescindíveis para o mundo atual. Tanto que pessoas da Geração X que não acompanharam essas mudanças têm cada vez mais dificuldades e estão ficando para trás. A produção frenética de novos conhecimentos e conteúdos é uma espécie de "rolo compressor" que esmaga essas pessoas. Entretanto, membros dessa geração precisam trabalhar melhor a paciência, combatendo a visão imediatista. Devem também combater a descartabilidade gerada, pois o meio ambiente não está aguentando mais essa pressão. Vale ressaltar que essa é uma geração considerada por muitos como uma geração frustrada. Isso porque é uma geração extremamente qualificada e que não encontrou oportunidades num mercado já saturado, que busca na realidade empregados mais baratos. É uma geração que ainda valoriza a formação acadêmica, quando profissionais de nível técnico ganham muitas vezes mais do que eles. São pessoas que precisam investir numa visão empreendedora (tanto que 44% dessa geração tem como preferência o empreeendedorismo)

7) Geração Z

São aqueles nascidos nos inícios dos anos 2000 até mais ou menos 2015. São chamados também de iGeneration, Plurais ou Centennials. Essa geração já nasceu num mundo onde sempre existiu internet, redes sociais e smartphones. São, por isso, muitas vezes chamados de "nativos digitais". Essa geração apresenta uma curiosa mistura: alguns são filhos de millenials, mas muitos ainda são filhos da Geração X (levando-se em conta que a Geração X passou a ter filhos mais tarde. Eu, por exemplo, tive um filho em 2015 e terei outro este ano, mesmo sendo da Geração X). É uma geração que pegou a grande recessão provocada pela crise de 2008 e, por esse motivo, tendem a ser mais independentes e com desejos empresariais, pois viram seus pais sofrendo como força de trabalho. Presenciaram o encolhimento da classe média e o aumento do nível de estresse nas famílias. Os alunos dessa geração se auto-identificam como leais, compassivos, pensativos, mentes abertas, responsáveis e determinados. Entretanto, enxergam outros da mesma geração como competitivos, espontâneos, aventureiros e curiosos, características que não identificam em si próprios. Alguns autores dizem que sua competência leitora vem sendo modificada devido à familiaridade digital. Sua frequência a igrejas, curiosamente, chega a 41%, comparado com 18% dos Millenials, 21% da Geração X e 26% dos Baby Boomers. É uma geração avessa a riscos. O número de jovens que experimenta álcool caiu e os que usam cinto de segurança aumentou. As taxas de gravidez na adolescência reduziram, assim como o abuso de drogas e abandono dos estudos, comparado com os Millenials. Passam muito mais tempo na internet que as gerações anteriores e, alguns acreditam que usam o meio digital como fuga dos problemas que encontram no mundo offline. Pesquisadores em educação dizem que o uso de smartphones oferece o potencial de uma experiência de aprendizagem mais profunda e de instrução individualizada,  levando a uma geração bem mais educada. Em contrapartida, estão preocupados com a dependência tecnológica e a falta de regulação desse uso. Essa geração, mesmo se irritando com alguns aspectos das redes sociais mais famosas, ainda assim participa delas como meio de socialização. Dão preferência a aplicativos e comunicadores mais rápidos e usam bastantes emojis. usam a internet como meio de desenvolver habilidades sociais aplicadas em situações da vida real, além de aprender coisas de seu próprio interesse. Adolescentes passam a maior parte do tempo online, comunicando-se com pessoas com quem interagem no dia-a-dia, enquanto as redes sociais são usadas para obter notícias globais e manter contatos. Os pais se preocupam com o uso exagerado das redes sociais e os filhos se sentem irritados com essa preocupação excessiva e controle. Um aspecto negativo é que eles são menos hábeis no contato cara-a-cara e tendem a se sentir mais solitários, ansiosos e frágeis. Eles exibem uma enorme preocupação com aquilo que os outros pensarão de suas postagens. Meninas são mais afetadas por esse fenômeno que meninos. Elas experimentam baixa autoestima e fragilidade emocional mais elevada, em boa parte devido a cyberbullying (que é mais comum agora do que foi para os Millennials). A Geração Z desenvolveu a economia sob demanda (produtos e serviços oferecidos imediatamente sob demanda). Na educação valorizam a obtenção de uma graduação na obtenção de empregos. O empreendedorismo tem se tornado comum no currículo das escolas. As novas tecnologias favorecem oportunidades de abrirem negócios mais cedo. Suas ideias podem ser "vendidas" mesmo sem sair de casa. No âmbito político, a Geração Z tende a ser mais conservadora que a anterior e mais pessimista quanto à economia. Profissionalmente, estão bem preparados para um ambiente empresarial global e procuram algo além de um emprego: buscam uma atividade profissional que ajude a mudar o mundo. São ávidos por participar ativamente da comunidade. Eles já começam nos empregos de uma maneira melhor do que da Geração Y.
 
Nota Pessoal: A geração Z é de fato a geração "on demand". São autodidatas e gostam de trilhar seu próprio caminho. Não gostam de hierarquias e horários inflexíveis. Não aceitam as normas de trabalho, são questionadores e pró-ativos.  Por todas essas características acabam sendo muito voltados ao empreendedorismo, ao trabalho dentro de casa, à produção de seu próprio conteúdo, etc. Por terem crescido num mundo onde o terrorismo se tornou mais comum, onde a degradação ambiental atingiu patamares inconcebíveis e as crises econômicas geraram recessão e instabilidade global, acabam não sendo só motivados pelo dinheiro, mas também pela vontade de "salvar o mundo". Como a geração anterior se preparava demais e falhava no mercado de trabalho, estes já são mais objetivos, pragmáticos, realistas. São cautelosos e céticos com relação às grandes empresas. É uma geração que veio para mudar o mundo. E tomara que consigam! 





domingo, 8 de julho de 2018

Entendendo as Gerações - Parte 1




Diariamente ouvimos falar sobre diferentes gerações. Frases como "essa geração é mais agitada", "a minha geração era mais sábia", "a geração dos meus pais era isso ou aquilo" e por aí vai. No meio empresarial usa-se muito os termos Geração X, Y ou Z. Na internet ouvimos falar sobre os Millennials. Mas o que são essas gerações, como foram formadas e como pensam de fato?

1) A Geração Perdida

O uso do termo "geração" para um conjunto de pessoas nascidas no mesmo período de tempo sempre existiu. Mas o uso de um termo para designar uma geração em específico parece ter surgido no final do século XIX, com a chamada "Geração Perdida", a qual corresponde às pessoas nascidas entre 1883 e 1900 e que lutaram na 1ª Guerra Mundial durante sua juventude. O termo é atribuído inicialmente por Gertrude Stein (uma escritora e poeta americana) mas foi popularizado pelo escritor Enerst Hemingway (conhecido por sua principal obra "O Velho e o Mar"). Essa geração atravessou os chamados "Loucos Anos 20" e a Crise de 1929. Por terem vivenciado todos esses problemas, tornaram-se adultos individualistas e conhecidos por quebrarem regras.  Dessa geração, além dos famosos escritores Ernerst Hemingway, James Joyce e T.S. Eliot, nasceram também: Charles Chaplin, Babe Ruth, Alfred Hitchcock, Louis Armstrong, Al Capone e figuras que seriam importantes na 2ª Guerra Mundial como Mussolini, Hitler, Mao Tsé-Tung, Truman, Eisenhower, entre vários outros nomes.
Nota Pessoal: Talvez esse individualismo e o desprezo por regras tenham sido os responsáveis pela ascensão do  fascismo, que culminou na 2ª Guerra Mundial. As pessoas começaram a pensar em si próprias e em seus objetivos, não importando o que teriam de fazer para alcançá-los.

Chaplin em seu clássico filme "O Grande Ditador", onde imita Adolf Hitler

Louis Armstrong e sua belíssima canção "What a Wonderful World"

2) A Geração Grandiosa

Esse termo foi cunhado pelo jornalista e escritor Tom Brokaw para designar os indivíduos nascidos já durante a grande depressão e que lutou na 2ª Guerra Mundial em sua juventude. Eles vivenciaram o surgimento de inovações tecnológicas como o rádio, o telefone e a TV, além de um grande crescimento das desigualdades (entre brancos e negros, homens e mulheres, etc.). Nasceram nessa geração, os famosos artistas Clarke Gable, Greta Garbo, Henry Fonda, Lou Costello, John Wayne, Gene Kelly, Orson Welles, Kirk Douglas, Ava Gardner, Marlon Brando, escritores como George Orwell, Ian Fleming, Joe Shuster, Bob Kane, Jack Kirby, Isaac Asimov, Stan Lee, o pintor Salvador Dali, os políticos George W. Bush, Kennedy, Nixon e Ronald Reagan, além de Walt Disney, Madre Teresa e os cantores Nat "King" Cole e Frank Sinatra, entre vários outros.  
Nota Pessoal: Talvez, tendo crescido em famílias individualistas, passando as dificuldades da crise econômica, ouvindo as histórias de seus pais sobre a 1ª Guerra e enfrentando a maior de todas as guerras, essa geração tenha se preocupado muito com os seus familiares e seus similares, daí o crescimento das desigualdades no mundo. É uma geração que desconfia daqueles que são diferentes. Por isso tendem a ser conservadores, nacionalistas e, muitas vezes, racistas e xenófobos.

Frank Sinatra cantando "Garota de Ipanema" com Tom Jobim

 Nat "King" Cole cantando a clássica "When I Fall in Love"

3) A Geração Silenciosa

Esse termo foi utilizado entre a Grande Depressão e a 2ª Guerra Mundial. Em idade adulta presenciaram a Guerra da Coreia, o nascimento do Rock na década de 50 e dos direitos civis na década de 60. São chamados de "silenciosos" porque eram conformados com as normas sociais e focaram mais em suas carreiras do que em ativismos. Foi um período que levou ao crescimento econômico do pós-guerra, mas que acirrou ainda mais as desigualdades sociais. Foi uma geração menor, devido ao fato de terem crescido em um período de escassez e seus pais terem tido poucos filhos. Por ter sido uma geração menor, houve melhores oportunidades de emprego, saúde e aposentadoria. Por isso também foram chamados de "The Lucky Few" (os poucos sortudos). Nessa geração nasceram Martin Luther King Jr, o atual Dalai Lama, Malcolm-X, Fidel Castro, Che Guevara, Kofi Annan, Silvio Berlusconi, Mikhail Gorbatchev, Sadam Hussein, Solobodan Milosevitc, os artistas Brigitte Bardot, John Cleese, Judy Dench, Audrey Hepburn, Sophia Loren, Shirley MacLaine, Marilyn Monroe, Jane Fonda, Elizabeth Taylor, Shirley Temple, Gen Wilder, James Dean, Robert Duvall Clint Eastwood, Morgan Freeman, Gene Hackman, Dustin Hoffman, Anthony Hopkins, Denis Hopper, James Earl Jones, Steve McQueen, Jack Nicholson, Al Pacino, Christopher Plummer, Robert Redford, Burt Reynolds, Leonard Nimoy, William Shatner, George RTakei Adam West e os músicos Little Richard, Chuck Berry, Ray Charles, B.B. King, Neil Diamond, Bob Dylan, além de importantes nomes como o do linguista Noam Chomsky e o boxeador Muhammad Ali.
Nota Pessoal: Foi uma geração que cresceu num período melhor e teve mais filhos (o que refletiu na geração seguinte), mas presenciou tanta desigualdade social que deu origem aos diversos movimentos contestatórios que existem até hoje. Movimentos pela igualdade racial, feminismo, além de revoluções socialistas que culminaram na Guerra Fria são provavelmente o resultado de uma geração que cansou de ver a desigualdade brotar e resolveu tomar alguma atitude.

Chuck Berry com a clássica "Jonny Be Good", uma das músicas que inaugurou o Rock N' Roll

Little Richard e outro clássico do Rock N' Roll "Long Tall Sally"

4) A Geração "Baby Boom"

Essa geração é resultado da anterior. São pessoas nascidas na década de 50 e 60, que já pegaram o crescimento econômico e por isso tiveram muitos filhos, daí o termo "baby boom". Os baby boomers são conhecidos por rejeitar os valores tradicionais. Devido à sua infância mais segura e melhores condições de educação e saúde, são conhecidos por serem hoje pessoas privilegiadas em detrimento das gerações seguintes. Foi a geração que iniciou a onda de consumismo na qual estamos imersos ainda hoje. É uma geração que tende a se achar "especial", pois progrediram muito mais que as gerações anteriores e acreditam manter valores melhores do que as gerações posteriores. É a geração que mostra a maior quebra de paradigmas culturais entre o conservadorismo e o progressivismo de todas. Esses movimentos contestatórios começaram na época da Guerra do Vietnã e se estenderam até os dias de hoje, onde entretanto, os baby boomers se tornaram os conservadores da vez por acharem que a sua geração era a melhor de todas. Nos EUA os antigos baby boomers acabaram se tornando "Democratas" enquanto os mais recentes se tornaram "Republicanos". Eles vivenciaram culturalmente movimentos como a Beetlemania e o Festival Woodstock. Foi a primeira geração a crescer já com o advento da TV em suas casas, fator de extrema importância na cultura e educação a partir de então. Os programas infantis como Mickey Mouse, as séries de TV como Batman e Além da Imaginação contribuíram na formação desses indivíduos. Vivenciaram ainda a Guerra Fria, a crise de Mísseis em Cuba, o assassinato de Kennedy, a chegada do homem à Lua, a liberdade sexual, uso de drogas e a explosão de movimentos sociais. Políticos como Bill Clinton, George W. Bush (filho), Thereza May, Tony Blair, Al Gore, Barack Obama, Donald Trump, etc., são todos nascidos nessa geração e ainda estão em ativa hoje. Nasceram ainda nessa geração Kareem Abdul-Jabbar (jogador de basquete), Whitney Houston, Anjelica Huston, John Belushi, Jeremy Irons, Michael Jackson, Steve Jobs, Elton John, Tommy Lee Jones, Michael Jordan, John Bon Jovi, Bono Vox, Gary Kasparov, Diane Keaton, David Bowie, Stephen King, Jeff Bridges, David Letterman, Nicholas Cage, Príncipe Charles, Deepak Chopra, David Lynch, Madonna, Bill Maher, Glenn Close, Alice Cooper, David Cooperfield, Kevin Costner, Eddie Murphy, Demi Moore, Michael Moore, Olivia Newton-John, Tom Cruise, Jamie Lee Curtis, Willem Dafoe, Ted Danson, Johnny Depp, Princesa Diana, Sean Penn, Christopher Reeve, Richard Dreyfuss, Lou Ferrigno, Kurt Russel, Arnold Schwartzenegger, Sally Field,  Jodie Foster, George Foreman, O.J. Simpson, Steven Spielberg, Bruce Springsteen, Sylvester Stallone, Maryl Streep, Patrick Swayze, James Taylor, Mel Gibson, Whoopi Goldberg, John Travolta, John-Claude Van Damme, Denzel Washington, Bruce Willis, Oprah Winfrey, Steve Wonder, Weird Al Yankovic, Mark Hamill, Tom Hanks, entre vários outros, ou seja, é a geração que influenciou a minha geração (a próxima) e que de certa forma nos influencia até hoje!
Nota Pessoal: Ao meu ver foi a geração que gerou a cisão político-ideológica na qual estamos imersos ainda hoje. De um lado, os primeiros baby boomers são mais progressistas e lutam por igualdade e direitos sociais. Já os baby boomers seguintes, são os arrependidos que acreditam que os valores se perderam com o tempo, portanto, são mais conservadores e tendem a pensar no progresso do indivíduo e na eficiência do Estado em que vivem (já que esse crescimento econômico foi o que lhes garantiu uma boa vida em sua geração). Talvez hoje, a polarização político-ideológica "esquerda/direita" tenha surgido dessa cisão que começou com os baby boomers. As gerações seguintes acabam sendo então cooptadas ideologicamente ou por um lado, ou pelo outro. E o resto, vocês já conhecem...

The Beatles - Ticket to Ride, uma entre inúmeras músicas famosas da banda

O inigualável festival de Woodstock
A partir daí surgiram as gerações X, Y e Z. Entretanto, como o artigo acabou ficando grande demais, resolvi dividi-lo em duas partes. As gerações seguintes serão contempladas em outra postagem.






domingo, 1 de julho de 2018

Genética, Epigenética e Maternidade

O ser humano já nasce predeterminado a ser uma pessoa boa ou má, tranquila ou agressiva? Existe o determinismo genético (vulgarmente chamado de "pau que nasce torto")? Qual o papel do ambiente e das relações afetivas na formação do indivíduo? O quanto uma mãe é importante no desenvolvimento da personalidade de uma criança? A genética e a epigenética estão elucidando essas questões...

Em primeiro lugar, gostaria de avisar que vou usar alguns termos técnicos nesse artigo, mas o não conhecimento desses termos não afetará seu entendimento. Agora, se você quiser entender mais à fundo essa questão, do ponto de vista genético e molecular, sugiro que leia os seguintes artigos antes:


Se você não entende nada de genética e não faz ideia do que seja a epigenética, aqui vai uma pequena ideia, uma simplificação para seu entendimento: seus genes são estruturas dentro de suas células que determinam quem você é, principalmente no aspecto físico. Então se você é branco, negro, homem, mulher, louro, ruivo, alto, baixo, se tem diabetes ou não, se é míope ou não, enfim... todas as características que você possui são determinadas pelos seus genes. Essa é a parte fácil, a parte que todos conhecem. O problema é que seus genes podem ser "ligados" ou "desligados" por diversos fatores ambientais, como a nova ciência chamada "epigenética" tem descoberto. Alimentação, hormônios, fatores físicos e emocionais podem alterar o funcionamento desses seus genes. Sacou? Se alguém quiser entender mais sobre o assunto, eu recomendo o livro abaixo, o qual é bastante didático. Inclusive, o experimento em questão que vou mencionar aqui é muito bem descrito nesse livro.


Nos estudos em questão, os pesquisadores resolveram testar o quanto o estresse influencia o comportamento de ratinhos de laboratório. O estresse provoca a liberação de hormônios chamados "glicocorticóides". O cérebro dos mamíferos (de ratinhos a seres humanos) apresenta receptores para esses glicocorticóides. Quanto mais receptores um indivíduo possui, melhor ele consegue metabolizar essas substâncias e, consequentemente, melhor ele consegue lidar com as situações estressantes. Até aí, nada demais. O que há de incrível nesse estudo é que, ao estudar os ratinhos, os pesquisadores constataram que uma boa mãe, com seu carinho, leva à desmetilação de genes produtores dos receptores para glicocorticóides no cérebro. Esse processo epigenético permite a ligação de um fator de transcrição no gene, que aumenta a produção de receptores. O aumento desses receptores está ligado a um feedback negativo na ação dos glicocorticoides, levando a uma reação menor em relação ao estresse. Ou seja... traduzindo... os ratinhos filhotes foram submetidos a situações estressantes. Quando eles corriam até suas mães e essa os tratava com carinho e afeto (constatada pelas lambidinhas que ela dava em seu filhote para acalmá-lo), esses filhotes tinham genes ativados e produziam mais desses receptores cerebrais, conseguindo lidar melhor com o estresse de uma próxima vez.
Agora o mais incrível, talvez, seja o seguinte fato: Ratinhos que não tinham mães "lambedoras", não produziam tais receptores e, consequentemente, não reagiam bem a situações estressantes, desenvolvendo vários tipos de transtornos na fase adulta, como ansiedade, depressão, agressividade, etc. Entretanto, se esses filhotes fossem retirados do convívio com suas mães biológicas e colocados para viver com mães lambedoras (carinhosas), essa situação se revertia. Da mesma forma que se o filhote de uma mãe lambedora (carinhosa) fosse retirado de seu convívio e colocado com uma mãe insensível, ele não conseguia desenvolver receptores para o estresse e crescia com os problemas citados. Através desses estudo, parece-nos óbvio que o cuidado parental (tanto materno, quanto paterno, embora esse ainda esteja sob estudo), seja responsável por uma melhor reação da criança ás adversidades de sua vida, tornando-a uma pessoa mais ou menos apta a conviver socialmente, dependendo de como foi sua criação.

Outra questão explorada nos estudos, é que maus cuidados maternos geram menos receptores de estrogênio nas fêmeas por mecanismos epigenéticos. Fêmeas com menos receptores são insensíveis à maternidade e são mães menos dedicadas, perpetuando o ciclo por gerações. Ou seja... se uma fêmea é maltratada por sua mãe, tem grandes chances de também não ser boa mãe. Os problemas gerados por negligência materna podem, entretanto, serem solucionados pela introdução de um ambiente enriquecido (alteração do ambiente social). Em casos difíceis com auxílio de medicação. Mas alguns casos mais graves não tem mais jeito mesmo. Daí o imprescindível fato de que as crianças devem ser tratadas com carinho, afeto e atenção nesses primeiros anos de vida.

Em outro estudo, filhos de mulheres que sofreram TEPT (Transtorno do Estresse Pós-traumático) se tornaram mais propensos a desenvolver o mesmo distúrbio, mesmo sem ter vivido diretamente o episódio. Mulheres que estavam grávidas no atentado do WTC deram a luz bebês com uma reação ao estresse exacerbada e hipersensibilidade do eixo do estresse. Essas crianças são mais suscetíveis à ansiedade, depressão e até TEPT do que as nascidas de mães que não sofreram o TEPT. Percebem o quanto o bem-estar de uma mulher é tão importante durante a sua gestação? Aquilo que ela sofre enquanto grávida pode influenciar a nível genético a saúde futura de seu filho.


Nos anos 1950, Harry Harlow, Universidade de Wisconsin, realizou um experimento acerca da ligação emocional do bebê com a mãe, através de macacos Rhesus. Para isso, ele usou macacas falsas feitas puramente com arames e outras atoalhadas. As de arame possuíam mamadeiras anexas e as atoalhadas e felpudas não. Como resultado, os bebês mamavam na macaca de arame para matar a sua fome, mas passavam mais tempo aconchegados na felpuda, mostrando que o alimento não é o que gera a ligação. Esses bebês apresentavam níveis de estresse elevados e dificilmente eram ressocializados. As fêmeas se tornavam mães negligentes ou até mesmo agrediam seus filhotes. O vídeo deste experimento pode ser visto abaixo:


Em primatas, além das mães, os pais também desempenham papel importante na criação dos filhos. O cuidado paterno e seus efeitos no comportamento emocional ainda não foram muito bem estudados. Mas os dados de estudos sobre abusos contra crianças e sobre a transmissão social desses abusos mostram a importância do papel paterno. Há um estudo que mostra a correlação entre o hormônio regulador do estresse e os níveis relatados de cuidado paterno, não só materno. Entretanto, há a necessidade de uma maior investigação quanto a isso.

Em tempo: Conforme escrevia essa postagem, esbarrei com um artigo publicado pelo Salk Institude (EUA), dizendo que certos "genes saltitantes" (chamados de transposons - a explicação sobre isso fica para outro artigo) podem ser ativados em filhotes devido à negligência materna. Com isso, ocorrem modificações no "mapeamento genético cerebral", provocando alterações em seu funcionamento. Desordens mentais podem ser o resultado deste fenômeno de alterações aleatórias nos genes cerebrais. Novamente, é apenas um estudo. Vários outros serão ainda necessários.

Como podem ver, a ciência não tem todas as respostas ainda. Mas os estudos tem demonstrado uma tendência nessa direção. Talvez o modo de vida de cada um (alimentação, modo de vida, estresse, etc) forneça micro ambientes celulares capazes de gerar modificações epigenéticas em genes produtores de hormônios, o que levaria a alterações comportamentais. Isso constituiria a personalidade e o caráter de cada um. Nesse sentido, o caráter de um indivíduo não seria predeterminado geneticamente, mas sim moldado de acordo com suas vivências sociais. Mais uma vez, como visto nesse artigo sobre natureza humana, teríamos um argumento a favor da não existência dessa tal natureza. O ser humano seria, na realidade, fruto do meio social. Dá o que pensar, não?